Você sabia que o Brasil é um dos países com maior índice de adoecimento mental entre professores?
Não é exagero. Dados do INSS mostram que os transtornos mentais e comportamentais já estão entre os principais motivos de afastamento de docentes da educação básica. Segundo levantamento da Nova Escola (2023), 1 em cada 3 professores já precisou se afastar por questões emocionais ou psiquiátricas.
Mas por que estamos adoecendo tanto?
E por que isso ainda parece ser tratado como algo individual — e não como um sintoma coletivo de um sistema doente?
Licenças, afastamentos e burnout: o retrato de uma categoria exausta
Só em 2022, mais de 260 mil professores deram entrada em licenças médicas no Brasil, segundo dados da CNTE. As causas mais recorrentes? Síndrome de burnout, depressão, ansiedade generalizada e transtornos do sono.
A Organização Mundial da Saúde já classificou o burnout como uma “síndrome ocupacional crônica” — e entre as profissões mais afetadas estão os profissionais da educação.
E não estamos falando apenas de números: estamos falando de vidas em colapso.
“Não se trata mais de saber se o professor está cansado. A pergunta agora é: até quando ele vai aguentar?”
A precarização do trabalho docente é parte do problema
É impossível falar sobre saúde mental de professores sem falar sobre a precarização da escola pública.
Veja alguns fatores que impulsionam o adoecimento docente:
- Salários baixos e muitas vezes atrasados.
- Acúmulo de funções: o professor é também psicólogo, assistente social, gestor de crise.
- Salas superlotadas, estruturas precárias, falta de recursos pedagógicos.
- Cobrança por resultados, metas inalcançáveis, avaliações externas que desconsideram contextos reais.
- Falta de reconhecimento e valorização social.
O resultado? Um ambiente onde o professor não consegue ensinar com dignidade, não é escutado, e muitas vezes não consegue nem ir ao banheiro durante o expediente.
Como manter a saúde mental em um contexto que exige tanto e devolve tão pouco?
Adoecimento é sintoma, não fraqueza
O discurso dominante costuma dizer que o professor está adoecendo porque “não sabe lidar com as emoções” ou porque “não cuida de si”. Mas isso é uma forma perversa de responsabilizar a vítima.
O que está nos matando não é a falta de ioga — é a falta de condições mínimas de trabalho.
“Quem se sente culpado não questiona o sistema — se culpa por não dar conta dele.”
Precisamos romper com essa lógica. O sofrimento dos professores não é sinal de incompetência ou fragilidade pessoal. É sintoma de uma estrutura que adoece, esgota e depois descarta.
Professor adoece quando a escola perde o sentido
A escola tem sido transformada num espaço cada vez mais burocrático, punitivo e desumanizado.
Quando o foco deixa de ser o vínculo, o conhecimento e o projeto coletivo, e passa a ser apenas resultado, desempenho e controle, algo se quebra.
E é esse rompimento com o sentido do fazer pedagógico que corrói por dentro a saúde emocional dos professores.
“A escola virou um espaço de sobrevivência — e não de construção de futuro.”
Conclusão: saúde mental exige valorização real
Quer cuidar da saúde mental dos professores?
Então pare de oferecer somente oficinas de “bem-estar” e comece a garantir:
- Salário digno
- Condições reais de trabalho
- Formação continuada crítica e valorizada
- Escuta ativa e políticas de acolhimento
- Menos burocracia e mais autonomia pedagógica
Não existe saúde mental sem valorização.
Não existe valorização sem transformação estrutural.
“O que está adoecendo o professor não é sua mente. É a realidade em que ele está tentando ensinar.”
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