Como Adaptar Provas para Alunos com TDAH

Uma das maiores dificuldades dos professores é avaliar alunos com necessidades educacionais especiais. Transtornos como TDAH, TEA, dislexia e disgrafia são comuns, mas a maioria dos educadores não recebe formação adequada para lidar com essas condições na prática.

📌 O primeiro ponto essencial: avaliação não se resume a provas tradicionais. Existem diversos instrumentos avaliativos que podem considerar melhor as necessidades desses alunos. No entanto, como muitas escolas ainda mantêm sistemas rígidos de avaliação, é fundamental saber como adaptar a prova tradicional para torná-la mais justa e eficaz.

🚀 Quais alunos precisam de provas adaptadas?

Antes de tudo, é importante esclarecer quais dificuldades estamos abordando:

✔ Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
✔ Dislexia, disgrafia e discalculia
✔ Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)

Casos como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Trissomia 21 (Síndrome de Down) costumam exigir adaptação curricular mais ampla, tornando a prova tradicional menos eficaz para avaliar a aprendizagem.

🔎 Exemplo prático: Como adaptar uma questão do ENEM

Vamos analisar uma questão do ENEM 2024.

Para um aluno com TDAH ou dislexia, essa questão apresentaria dificuldades porque:

❌ O texto de apoio é extenso.
❌ Os parágrafos são grandes e densos.
❌ Há muitos termos e exemplos de linguagem regional.

O grande desafio para esses alunos é a concentração e a realização de tarefas de longa duração. Textos longos e complexos podem dificultar a interpretação e prejudicar a resposta correta.

✍ Como adaptar a questão para um aluno com TDAH?

Aqui estão algumas estratégias essenciais:

✅ Reduzir o tamanho do texto (ou escolher um texto menor).
✅ Dividir o texto em parágrafos curtos e objetivos.
✅ Destacar palavras-chave e comandos da pergunta (exemplo: avalie, explique, cite).
✅ Evitar gráficos e imagens complexas que exijam análise detalhada.

✨ Questão adaptada para TDAH:

Expressões e termos do Amazonas

No Amazonas, as pessoas usam palavras diferentes para se comunicar. Essas palavras mostram a cultura e a história do povo da região. Algumas delas estão no livro Amazonês: expressões e termos usados no Amazonas.

Além do livro, camisetas foram criadas com essas expressões, como “xibata”. O objetivo dessas camisetas é valorizar e divulgar a cultura do Amazonas.

Agora, responda:
O que as camisetas ajudam a fazer?

a) Divulgar as expressões e cultura do Amazonas.
b) Ensinar somente palavras difíceis.
c) Criar novos jeitos de falar no Brasil.
d) Impedir que as pessoas falem amazonês.

🤔 Mas essa prova não está muito fácil?

Muitos professores questionam: “Mas, assim, a prova não fica fácil demais?”

Aqui vai uma reflexão: imagine uma corrida de atletismo onde um competidor tem um peso amarrado nas pernas. Seria justo que ele corresse a mesma distância que outro competidor sem peso? Ou o mais justo seria adaptar a pista, já que o peso não pode ser removido?

O mesmo ocorre na sala de aula: um aluno com TDAH, dislexia ou outro transtorno não pode simplesmente “deixar de ter” essa condição. Então, o mais justo é adaptar o instrumento avaliativo para que ele possa demonstrar, de forma adequada, o que aprendeu e o que ainda precisa aprender.

🎯 Conclusão: Avaliação precisa ser justa, não igual

Adaptar provas não significa facilitar, mas sim garantir que o aluno tenha uma oportunidade real de mostrar seu conhecimento. O objetivo da avaliação não é punir, e sim entender o que o aluno aprendeu e como ajudá-lo a avançar!

📢 Este conteúdo é parte de minha oficina “Como adaptar provas para alunos com Transtornos de Aprendizagem“, em que ensino professores a compreender estas especificidades de aprendizagem e a como adaptar atividades e avaliações para esses alunos.

Entre em contato comigo para conversarmos sobre como levar esta oficina para a sua escola: glaucoss@gmail.com

Está gostando do conteúdo? Compartilhe:

Confira outros artigos:

Professores que ensinam como IA? Para quê?

Nos últimos meses, a discussão sobre o avanço da Inteligência Artificial na educação tomou conta de eventos, redes sociais e rodas de conversa entre educadores.A pergunta mais comum é direta: “A IA vai substituir os professores?” Mas talvez essa nem seja mais a pergunta mais urgente. O verdadeiro risco não

Leia Mais »

Bom professor é o que sabe fazer as perguntas certas

Porque ensinar não é dar respostas — é provocar pensamento Vivemos em um tempo de abundância informacional. A resposta está no Google. O resumo está no YouTube. A explicação, no ChatGPT. A informação, por si só, deixou de ser escassa. O desafio agora não é mais saber onde buscar, mas

Leia Mais »

Quem ganha com o cansaço docente?

O adoecimento dos professores não é um erro do sistema. É parte dele. No fim de maio, o Brasil se deparou com a trágica notícia da morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade, dentro da escola em que trabalhava em Curitiba, no Paraná. Silvaneide havia sido cobrada pela direção da escola

Leia Mais »

Todos os direitos reservados.