Você já parou para pensar se a educação do futuro vai se parecer com as plataformas de streaming?
Recentemente, presenciei uma conversa reveladora entre duas alunas:
— Não consigo ouvir rádio. É muito estressante ter que esperar pela música que quero ouvir.
— É igual à TV! Imagina esperar o dia que eles decidirem passar o filme que eu quero assistir? No streaming, assisto o que quero, quando quero.
Essa fala me fez refletir profundamente. Lembrei da minha adolescência nos anos 1990, quando assistíamos juntos aos episódios de Friends ou Smallville. Era um ritual coletivo: dois episódios por semana, e todos comentavam, teorizavam e aguardavam ansiosamente o próximo. A experiência era compartilhada e linear.
O mesmo acontecia com as novelas da Globo. O país “parava” para assistir o último capítulo. Era um verdadeiro fenômeno cultural coletivo.
Da Experiência Coletiva ao Consumo Personalizado
Hoje, tudo mudou. A lógica do consumo cultural foi transformada pelo streaming, pela personalização e pela individualização. Cada pessoa escolhe o que quer ver, ouvir ou aprender, no seu tempo e do seu jeito.
- Alguns maratonam séries logo após o lançamento.
- Outros preferem assistir aos poucos, meses ou até anos depois.
- Não há mais um “tempo coletivo”. Cada um vive sua própria experiência.
E a Escola? Ainda Vive no Pré-Streaming?
Enquanto isso, o modelo tradicional da escola continua operando como se estivéssemos nos anos 1990. O ensino ainda é massificado, padronizado, com conteúdo sendo transmitido de forma unidirecional por um professor para uma audiência passiva.
Mas os estudantes de hoje não nasceram para esperar. Eles vivem na lógica do on-demand. Querem aprender como, quando e no ritmo que desejarem. E se questionam: por que consumir o mesmo conteúdo, da mesma forma e no mesmo tempo que todo mundo?
Educação Streaming ou Contracultura Coletiva?
Diante disso, vejo duas possíveis direções para a educação do futuro:
- Educação streaming: personalizada, digital, flexível e individualizada. O aluno escolhe o quê, quando e como aprender. Plataformas adaptativas e inteligência artificial moldam trilhas de conhecimento sob demanda.
- Educação como contracultura: um espaço de resistência à individualização extrema. A escola assume o papel de preservar a experiência coletiva, promovendo convivência, diálogo e construção conjunta do saber. Um oásis em meio ao mundo fragmentado.
Confesso que tenho mais afinidade com a segunda opção. Mas será que ela é viável? Ou seria apenas uma utopia nostálgica?
Precisamos Reimaginar o Papel da Escola
Talvez o caminho não esteja em escolher um modelo ou outro, mas em criar novas formas híbridas de aprendizagem:
- Que unam a personalização ao convívio coletivo;
- Que valorizem a autonomia sem perder o senso de comunidade;
- Que reconheçam a lógica da geração streaming, mas sem abrir mão do ideal de sociedade.
Afinal, mais do que decidir o formato da escola, estamos decidindo que tipo de sociedade queremos construir. Vamos caminhar rumo a um coletivo de indivíduos isolados ou ainda acreditamos na educação como um projeto de nação?
Essa resposta, ninguém tem pronta. Mas sabemos de uma coisa: o futuro da educação será aquilo que começarmos a construir agora.
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