Bom professor é o que sabe fazer as perguntas certas

Porque ensinar não é dar respostas — é provocar pensamento

Vivemos em um tempo de abundância informacional.

A resposta está no Google.

O resumo está no YouTube.

A explicação, no ChatGPT.

A informação, por si só, deixou de ser escassa. O desafio agora não é mais saber onde buscar, mas saber o que buscar e por que.

É nesse contexto que o papel do professor precisa ser revisto com urgência.

Se antes o professor era o portador do saber, hoje ele é o instigador da dúvida.

A função de ensinar deixou de ser transmitir respostas, e passou a ser criar boas perguntas.

Aulas que entregam tudo… não entregam nada

Ainda é comum ouvirmos que “aula boa é aquela em que o professor explica bem”.

Mas… explicar bem o quê? Para quem? Em que contexto? Com que finalidade?

Uma aula que apenas transmite conteúdo, por mais bem organizada que seja, pode deixar o estudante passivo, confortável e intelectualmente anestesiado.

E é justamente aí que mora o risco.

Quando a escola apenas entrega respostas, ela inibe o pensamento, domestica a curiosidade, e substitui a reflexão pela repetição.

Ensinar a perguntar é formar cientistas do cotidiano

Ao contrário do que muitos pensam, perguntar não é o oposto de saber.

Perguntar é o exercício mais sofisticado do saber.

Um aluno que aprende a formular boas perguntas:

  • desenvolve o olhar de cientista;
  • aprende a investigar, desconfiar, conectar;
  • ativa processos mentais que o tiram da inércia e o colocam em posição ativa diante do conhecimento.

📌 Como nos ensina Vygotski, o conhecimento se constrói na interação com o mundo e toda interação verdadeira começa com um estranhamento, uma dúvida, uma curiosidade.

📌 Como aponta Galperin, a aprendizagem exige orientação consciente da atividade e essa orientação começa por saber o que se está procurando resolver.


O papel do professor em tempos de IA

A inteligência artificial responde.

Mas não interpreta.

Não acolhe o silêncio de um aluno que não entendeu, mas não sabe dizer.

Não formula uma pergunta na hora certa, com a entonação certa, para acender o pensamento de quem parecia distante.

🤖 A IA entrega dados.

🧠 O professor ativa sentidos.

É por isso que, em tempos de tecnologias cada vez mais avançadas, o professor que pergunta bem se torna insubstituível.

Ele não compete com a máquina, ele atua onde a máquina jamais chegará: no campo da consciência, da dúvida, da construção coletiva.


Uma boa pergunta ecoa para além da aula

Na Escola de Professores, defendemos que ensinar não é dar conta de um conteúdo, é provocar um pensamento que se prolonga.

Uma boa aula não se mede pelo número de slides.

Se mede pela intensidade da pergunta que o aluno leva com ele ao sair da sala.

Porque, no fim das contas:

Quem aprende a perguntar, nunca mais aprende de forma passiva.

E quem ensina a perguntar, forma sujeitos — não apenas alunos.


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