Adolescência na escola: o problema não é só comportamento

Nas últimas semanas, tenho conversado com vários gestores escolares, coordenadores e professores sobre um tema que está tomando espaço nas reuniões pedagógicas e nos corredores das escolas: os conflitos com os alunos adolescentes.

É aumento de casos de indisciplina.
É desmotivação nas aulas.
É resistência às regras.
É pais perdidos, sem saber como lidar.
E professores exaustos, sem ferramentas para entender o que está acontecendo.

Mas antes de cairmos na armadilha de enxergar tudo isso apenas como um problema de comportamento, é preciso fazer uma pausa.

O que estamos vendo nas escolas não é apenas indisciplina.
É o reflexo de um processo muito mais profundo: o desenvolvimento humano em uma de suas fases mais complexas — a adolescência.

O que está por trás dos conflitos?

Do ponto de vista da psicologia do desenvolvimento, adolescer é muito mais do que crescer fisicamente.
É um processo de reconstrução da identidade, do pensamento e das relações sociais.

📚 Vygotski nos ensina que o adolescente começa, nessa fase, a se apropriar da cultura do seu tempo com consciência, desejo e necessidade de transformação.

É o início do pensamento teórico, da capacidade de olhar o mundo de forma crítica, de construir ideais e de questionar as verdades absolutas.

🧠 A neurociência reforça essa ideia: o cérebro adolescente passa por uma verdadeira reforma estrutural.
Enquanto o córtex pré-frontal (responsável por planejamento e controle emocional) ainda está em construção, o sistema límbico (emocional) está a mil.

O resultado?
Amor intenso, raiva explosiva, desmotivação repentina, entusiasmo passageiro…
Tudo convivendo no mesmo corpo, na mesma cabeça, no mesmo aluno.

Quando a escola não entende… ela repete o ciclo da punição

O problema é que, muitas vezes, a escola enxerga apenas a superfície.
Olha para o comportamento.
Aplica advertência.
Chama os pais para conversar.
Suspende.
E o ciclo se repete.

🔁 Mais conflitos.
🔁 Mais afastamento.
🔁 Mais alunos se desengajando da escola.
🔁 Mais pais se sentindo culpados ou perdidos.

Sem compreender o que está em jogo, a escola reforça o distanciamento, quando o que o adolescente mais precisa é de presença, escuta e orientação.

O papel da escola: construir pontes entre família e adolescente

É aqui que entra a importância de uma reflexão mais profunda, que vá além das soluções imediatistas.
Foi justamente pensando nisso que criei a palestra:
🎙️ “Entre o grito e o silêncio: o que seu filho adolescente não diz, mas precisa que você ouça”

Essa palestra não é uma lista de dicas prontas.
É um convite à reflexão.
Um espaço para pais (e educadores) entenderem o que está por trás do silêncio, das respostas atravessadas, do isolamento e dos conflitos.

Falamos de neurociência.
De desenvolvimento humano.
De vínculo afetivo.
De escuta ativa.
De construção de autoridade sem autoritarismo.

Tudo isso com um único objetivo: reconstruir o diálogo entre escola, família e adolescente.

Porque, no fim das contas…

A adolescência é desafiadora, sim.
Mas também é o momento em que a identidade de um ser humano começa a florescer.

E como escola, nosso papel não é apenas controlar o comportamento.
É acompanhar o processo de desenvolvimento.
É construir presença.
É ser ponte — não muro.

Se você é gestor escolar e sente que sua comunidade precisa dessa conversa, me envie uma mensagem ou CLIQUE AQUI para conhecer esta e outras palestras que realizo.
Será um prazer levar essa reflexão para os pais da sua escola.

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