A infância não termina quando aparece o primeiro sinal da puberdade.
Ela começa a terminar quando a criança deixa de aceitar o mundo como lhe é dado e começa a desejar o mundo do seu jeito.
Esse desejo não vem com organização ou maturidade emocional.
Vem com dúvidas, confusão, intensidade, e às vezes com grito. Outras vezes com silêncio.
Essa é a travessia chamada adolescência.
🧠 O que está acontecendo com o adolescente?
Vygotski, referência fundamental para pensarmos o desenvolvimento humano, dizia que o adolescente começa a se apropriar da cultura do seu tempo com liberdade, vontade e consciência. Ou seja, ele não apenas reproduz o que aprende, ele começa a interpretar, criticar, ressignificar.
É nesse processo que nascem:
- O pensamento teórico, capaz de analisar, comparar e problematizar;
- A busca por identidade e formações motivacionais complexas;
- Um senso moral mais elaborado, com valores próprios em formação.
Em termos neurobiológicos, a neurociência explica o abalo emocional dessa fase: o cérebro adolescente está em “reforma”.
O sistema límbico (responsável pelas emoções) está em plena atividade, enquanto o córtex pré-frontal (responsável pelo planejamento e controle das ações) ainda está se desenvolvendo.
É como viver numa casa em obras com tudo funcionando, mas nada finalizado.
❓“Por que ele está assim?” — a pergunta de tantos pais e educadores
“Ele está mais irritado, mais fechado…”
“Não quer mais conversar, questiona tudo, se isola…”
Esses comportamentos não são desinteresse ou desafio gratuito.
São expressões de um sujeito em construção, que precisa se afastar para se ver, se opor para se definir, se calar para escutar a si mesmo.
Adolescer, como costumo dizer, é rasgar-se por dentro para nascer de novo.
O problema não é o adolescente querer ser independente.
É o adulto não estar pronto para perder o controle.
🏫 Qual o papel da escola nesse processo?
A escola precisa deixar de ver o adolescente como “complicado” e passar a vê-lo como potência em processo de organização.
Ela precisa ser:
✔ Um espaço que acolhe o conflito como etapa do crescimento
✔ Um lugar onde o questionamento é bem-vindo e escutado com maturidade
✔ Um ambiente onde os adultos sejam referências e não barreiras
E para isso, a escola precisa incluir as famílias nessa escuta.
Gestores escolares e coordenadores pedagógicos podem (e devem) abrir espaços para conversas mais profundas com pais e mães, não para dar um manual sobre como lidar com adolescentes, mas para oferecer olhares, apoio e partilha.
💬 A palestra que nasceu desse propósito
Foi por isso que criei a palestra “Entre o grito e o silêncio: o que seu filho adolescente não diz, mas precisa que você ouça”.
Ela é pensada especialmente para encontros com famílias em escolas, onde pais e responsáveis são convidados a refletir, com profundidade e empatia, sobre o que significa ser presença afetiva e firme durante a adolescência dos filhos.
A palestra combina:
– Neurociência, Vygotski e experiência clínica;
– Sensibilidade e firmeza;
– Informação com escuta.
Porque adolescente não é bicho para ser domado.
É gente para ser compreendida.
📣 Se você é gestor escolar e deseja fortalecer a relação com as famílias da sua escola, essa palestra pode ser o ponto de partida para conversas mais maduras e transformadoras.
🔗 Saiba mais em: www.glaucosantosprof.com.br/palestra-saude-mental (role até embaixo para ver esta palestra).


