Toda criança nasce cientista.
Ela pergunta o tempo inteiro. Quer saber o porquê das coisas, explora, investiga, testa hipóteses.
Mas em algum momento, já nos primeiros anos da escolarização, essa curiosidade começa a se calar.
Por quê?
Porque aprendemos — cedo demais — que perguntar é perigoso.
Pode atrasar a aula. Pode ser visto como desrespeito. Pode fugir do conteúdo.
E, aos poucos, o aluno que antes queria descobrir aprende a apenas responder.
A lógica da resposta certa
Boa parte das práticas escolares são estruturadas para garantir controle sobre o que será aprendido, no tempo exato, com o mínimo de desvio.
É o modelo da “eficiência”: aula expositiva, exercício fechado, correção imediata.
O problema?
Esse modelo ensina o aluno a encontrar a resposta certa, mas não o ajuda a formular boas perguntas.
E sem perguntas, não há pensamento.
Sem dúvida, não há investigação.
Sem inquietação, não há aprendizagem real.
O silêncio como sintoma
Quando um professor diz: “meus alunos não perguntam nada”, o silêncio não é sinal de obediência, é sintoma de um processo que bloqueou a curiosidade.
Na tentativa de cumprir currículo, aplicar metodologia, dar conta da avaliação e manter a turma sob controle, muitas vezes matamos a pergunta antes que ela nasça.
📌 “Agora não é hora pra isso.”
📌 “Isso não está no conteúdo.”
📌 “Segue o roteiro da apostila.”
Essas frases, ditas no automático, vão moldando um tipo de aluno que aprende a se calar para acertar.
Aula boa é aula com pergunta
Em minha palestra com esse mesmo nome: “Aula boa é aula com pergunta” , costumo dizer:
Uma aula boa não é a que termina com silêncio.
É a que termina com perguntas que os alunos levam pra casa.
Ensinar é instigar. É abrir o espaço para que o aluno pense, mesmo que a resposta demore, mesmo que o erro aconteça, mesmo que o caminho seja mais lento.
A escola que responde tudo silencia quem mais precisa perguntar.
Por isso, a postura do professor como instigador da curiosidade é mais importante do que qualquer metodologia da moda.
Não se trata de abandonar o conteúdo, mas de ressignificá-lo como desafio, não como entrega.
Para pensar na prática:
- Você começa sua aula com uma pergunta ou com uma afirmação?
- Você escuta mais do que fala ou fala mais do que escuta?
- Seus alunos podem errar sem serem punidos?
- Você aceita uma boa pergunta mesmo que atrase sua “programação”?
- Você ensina respostas… ou forma gente que sabe buscar?
Conclusão
Se queremos formar sujeitos críticos, criativos, que investigam o mundo com responsabilidade e liberdade, precisamos reconstruir a cultura da pergunta.
E isso começa com a escuta. Com a disponibilidade. Com a coragem de deixar o imprevisto acontecer na sala de aula.
A curiosidade é o motor do conhecimento.
E o papel do professor é manter esse motor funcionando, não desligá-lo em nome da eficiência.
Ensinar a perguntar é ensinar a viver com autonomia.
E talvez, nesse tempo de respostas prontas, seja esse o nosso maior ato pedagógico.
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